quarta-feira, 13 de abril de 2011







"Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim."


"Viajo sozinha com o meu coração
Não ando perdida, mas desencontrada
Levo o meu rumo na minha mão."



As poetisas nascem da junção das dores salgadas largadas num canto, atiradas com asco, e de corações partidos; ainda mais das partes esquecidas.
Assim como as flores brotam nos jardins, sedentas, rasgadias, ruborizadas de sede, por absorver doentiamente o líquido que as refresca e fortalece seus espinhos, lhes dá a beleza com que encantam seus súditos.
O que as poetisas e a s rosas tem em comum?
Poetisas tem espinhos na alma, eles nascem a cada amor não correspondido, a cada sonho deixado no caminho, nascem para evitar mais despedidas sem saber que passam a causá-las.
Há estrelas em seu olhar, que ecoam brilho quando as bailarinas abrem suas caixas de Pandora que pulsam alucinadamente.
Dentro das caixas existem rosas, fitas, confetes, bombons, amor, e muitas, muitas reticências... Tanto amor que abençoa seus seguidores com os segredos da insanidade apaixonada e desmedida que os levam a prender-se pela própria vontade.
As pétalas são enlaçadas com as cordas dos instrumentos que os anjos abandonam, se puder tocá-las sentirá em sua textura a medida exata do toque, da pele, dos lábios, das damas que empunham como maior arma contra os obstáculos a suas buscas, o fervor eloquente de seus lápis.
São capazes de sustentar em seus braços tanto o mundo, quanto a abstração, envolvem o universo da proteção mais leve possível.
Traduzem o vento em sinfonia, encantam a chuva com sua expressões, ensinam o fogo a dançar, forjam no ferro armaduras cintilantes banhadas na coragem que sorvem lambendo suas feridas, e diluem em saliva.
Com as pernas sustentam mais seu peso, mais do que seriam capazes fisicamente, e isto é o que menos importa.
Bailarinas e rosas representam; truques com transparências, jogos de verdades deliciosamente contraditórias. Na tentativa de tornar lúdico, o fato lancinante de um par, metades do mesmo lençol.
Delicadamente escolhemos as fantasias, que uma a uma nos revestem de lascívia e candura, cada qual a seu modo e a seu tempo, tão breve quanto um desabrochar. As fantasias são um prelúdio para a bailarina; receber ao final de seu espetáculo um buquê com versos num bilhete perfumado.
Estava indiscritívelmente linda em sua exaustão, enquanto ouvia os aplausos, foi possível ler seu semblante, questionava-se tristemente com olhar nublado, quem seria ela realmente?
Talvez tenha se perdido entre tantos personagens, ou os tenha agregado, não consegue distinguir sua natureza, fracionou-se ou introjetou das Deusas, loucas, princesas e assassinas, colombinas e meretrizes.
O vazio brilhante no olhar, a leveza aquática de sua arte, a saudade traduzida em movimentos, a doçura de seu coração que distribui com maestria.
Que imagem lhe reflete seu camarim? Que cor tem sua maquiagem?
A lua ilumina o palco onde a guerreira travou sua última batalha, ao fecharem as cortinas, os que estavam nas cochias puderam vislumbrar a mágica de entender que os versos do bilhete, as rosas e a bailarina, todos são desdobramentos visuais da mesma essência.


"... E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."

    

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta."

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